segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Estou pensando alto para que você me escute. 

Está na hora de você acordar e perceber que a vida é curta. A hora de você perceber que o tempo não perdoa os que têm medo, não anda mais devagar pra que se arrependam e tentem de novo. Cresce e acredita no que estou dizendo porque já foram duas, três, quatro, cinco chances. Está na hora de você viver e sentir como é quando as mãos se alcançam no escuro porque sabem que precisam estar juntas. E quando os olhares se cruzam e as palavras se fazem desnecessárias. Está na hora dos apelidos de que ninguém desconfia e das descobertas íntimas, das piadas íntimas, da risada fora de hora que cabe direitinha na cena e torna tudo mais simples. Está na hora daquela cumplicidade de depois. E adjetivos incomuns e a vontade de ser único e de ter o outro inteiro. Passou da hora de não se importar com as pequenices e de achar graça dos defeitinhos, tão pequeno que nem são. 

A vida urge começar.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Fantasias de carnaval

Vem com uma saia de tule cor de rosa, e, por ser carnaval, não faz mais tanta questão de ser macho. Na verdade, sendo bem honesta, nunca fez. A masculinidade tem dessas sutilezas. Pra ser viril, bastava agir como o pai ensinou. Ou deveria ter ensinado. Ou sei lá. Virilidade não se finge. Puxa a menina pelo braço como se ela gostasse. Repara nos seios da freira, da Amy Winehouse, da joaninha e da vendedora ambulante. Recebe um elogio de um grandão (o do salto 30), desconfia, nunca vai dizer, mas gosta. Depois se arrepende de ter gostado, estufa o peito e ameaça puxar uma briga. Mas, tirando o salto, o grandão continua grandão. Melhor deixar pra lá. Reencontra um quase-amor antigo, cogita, no fundo, bem no fundinho, retomar uns contatos, mas acha que é contra os princípios do carnaval. Acha que o carnaval tem que ser catártico, alcoólico, farto. Amanhã, no lugar da saia, pensou numa capa vermelha. Quer ser superman. Ô, se dependesse de capa...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Burocracias

São 19h e já não me lembro o que serviram no almoço. Ou será que foi ontem que almocei? Não sei. Hoje cedo, bem cedinho, o primeiro pensamento que me veio foi o de não me esquecer de ligar para a loja de livros e perguntar das demoras todas e se ali não sabiam que quando queremos ler Guimarães é sempre urgente. E também se não dá pra trocar aquele do Galera por um clássico, porque ando com preguiça de novidades. Pensei também se seria verdade ou se teria sonhado com a compra de umas fantasias. Engraçado falar compra de fantasias. Podia mesmo ser possível comprar algumas e guardar a nota fiscal para o caso de não se realizarem. Mas as fantasias existem para serem fantasias e só, e não para se realizarem. Que bobagem. 

Umas duas ou três vezes ao longo da tarde, emprestei meus ouvidos e presenciei uma dor. Era das grandes. Pensei rapidinho que se começasse tudo de novo e escolhesse tudo de novo, que tal seria ser dona de sorveteria e ver de pertinho alguma satisfação, só pra me certificar de que existe. Mas antes que pensasse em outra opção, quem sabe o cultivo de orquídeas, veio outra dor atropelando e concluí que gosto mesmo dessa coisa de tentar tornar digno o sofrimento humano e, por isso,com sorte, às vezes poder até vê-lo diminuir...

Ia me emocionar, quase foi, mas já estava atrasada. Bebi água hoje? Jurei que seriam 2 litros todos os dias, mas é difícil e esses filtros não são confiáveis. E no caminho pra casa senti falta de escrever. O sinal demorou tanto a abrir que puxei uma caneta e esbocei um trecho: "ele escancara as minhas incoerências todas..." e então buzinaram atrás, a fila andou e a idéia se foi.