domingo, 16 de maio de 2010

Old Buddy

Não sei de onde surgiu a idéia de ter um cachorro. Ter um cachorro não deve nunca ser uma idéia. Deve ser uma decisão. Malu foi a última a aparecer entre seus irmãos. Ao contrário deles, que pareciam lutar entre si para ver quem seria escolhido, Malu foi trazida no colo porque era assim, de ficar quieta. Diziam que ali tinham que dar uma atenção maior para ela, porque na disputa por comida ela perdia sempre. Era a última a comer, por vezes ficando sem. Eu peguei Malu no colo e na viagem para casa íamos aos poucos nos adotando. Porque dizem que é o cão que escolhe os donos.
Nos primeiros dias, a preocupação com o sono excessivo de Malu. Era como um brinquedo sem pilha, nos deixando ávidos pela vivacidade que só um filhote pode ter. Depois, com o despertar, veio a vivacidade excessiva. Das corridas pela casa, das mordidas acidentais e intencionais, do sofá destruído (e, junto com ele, rodapés e armários).
Eu sempre achei que Malu precisava era de tempo. E que ela aprenderia o que fosse ensinado e respeitaria as regras mais importantes. E teria menos fome também. Mas o tempo de Malu acabou sem que ela tenha tido a chance de fazer com que, apesar das mordidas, a gente gostasse de como ela festejava a nossa chegada.

Eu ainda sinto falta de Malu. E de vez em quando eu juro que me pego pensando em se ela já não é mais a última a comer.

6 comentários:

Carla Jaia disse...

é de um aconchego perigoso ler aqui. sentir falta de Malu é mais que ternura: é tanto, de tão suave...

Teofilo Tostes disse...

Fernanda,
um prazer receber sua visita, seu recado sinalizando que você gostou lá do meu pequeno espaço de virtualidades escritas e que voltaria a visitá-la.

Eu, que sou nascido no último ano da década de 70, não sou tão célere com a vida virtual quando gostaria e, por isso, me demorei algum tempo para retribuir-lhe a visita.

Estando aqui, já li todos os posts que aparecem inicialmente na página (são sete), antes do link para as postagens mais antigas. Todas bastante delicadas. E ainda não consegui deixar de reler o final do texto abaixo, no qual você diz também acreditar "na possibilidade de que as lembranças passem a só ferir um pedacinho ínfimo de nosso corpo. 'Ferida acostumada'".
"Ternura sempre."

Beijo,
Theo

Mary Pereira disse...

tenho gostado um tanto grande de passar por aqui e ler suas palavras. É como se batessemos papo em momento de horário vago. Sensação boa.
Beijos!

sua pupila (rs)

www.fotografandopensamentos.blogspot.com

Daise disse...

da infância?
da memória?
da invenção?
das histórias?
de onde a malu?

:*

Fernanda disse...

Malu foi meio minha. De verdade.
:)

Fernanda de novo disse...

E somos nós, nessa tentativa de foto aí em cima!