terça-feira, 13 de abril de 2010

Deus

Tenho que confessar que desde muito nova trago comigo certos conflitos com as divindades. De mãe luterana e pai católico, era-me permitido experimentar as mais diversas denominações, desde que não fossem macumba, porque disso eles tinham medo. Frequentei cultos de evangélicos vizinhos porque as crianças todas frequentavam. Fui batizada aos 13 e ninguém entendeu bem a razão (de não ter sido batizada antes e também de, já que cheguei até ali, por que diabos - ops - inventaram de mexer com isso). Mas o fato é que fui batizada para poder fazer a primeira comunhão e disso tudo só me lembro do terror da confissão. Não que tivesse muitos pecados, mas não sabia o que seria considerado muito ruim e quando você precisa se confessar, espera-se que você tenha algo horroroso para dizer.

Eu duvidava vez ou outra de que pudesse mesmo existir Deus, meio barbudo, ouvindo tudo e sabendo de tudo. E eu brincava com isso, ignorava, interrompia uma reza na metade por preguiça ou porque meus pensamentos já tinham me levado para um outro lugar, e também porque eu ouvia as pessoas dizerem que o correto era só agradecer, agradecer e agradecer sempre. E eu tinha uma lista de pedidos.

Lá pelas tantas, ainda na escola, desci as escadas pensando que se Deus existisse eu encontraria um mocinho por quem tinha uns certos afetos. E eu encontrei. Um pouquinho depois, que alguma coisa aconteceria comigo se Deus existisse. E eu sofri uma queda que me rendeu três pontos no queixo.


Achei Deus muito perigoso. Parei de brincar com essas coisas.

3 comentários:

Daise disse...

Ai, Nanda, ai, Nanda!
Como é bom pra mim te ler de novo, guria!

Lembro do terrorismo com a questão da confissão. É um pecado fazerem isso com as crianças, credo.

Um grande beijo,

Anônimo disse...

Oi Fernanda,
perigoso Deus ou o uso que é feito dele?
Um beijinho,
Ângela

Fernanda disse...

Mas Deus às vezes não é o uso que fazemos dele?
beijinho.