segunda-feira, 4 de maio de 2015

Som

Do sétimo andar vem uma risada incontida. Uma voz feminina diz uma amenidade qualquer e ele explode numa gargalhada. Não sei se é deboche, não parece. Acho que consente com a graça. Talvez um chiste, talvez uma memória da noite anterior, talvez ambos. Participo da alegria sem querer (querendo). No 404 batem um martelo insistente. Imagino a réplica comprada na Costa Pereira de um artista capixaba que ainda não foi descoberto mas que é sucesso garantido. Quadro grande, muitos pregos pra sustentar. Ou então a derrubada de uma parede que não convém mais. Mais espaço, mais luz. Suponho uma separação. Reformas têm ar de renovação. O quarto do bebê ficando pronto, um cano estourado sem querer na hora de pendurar o porta-toalha. Da rua, uma buzina apressada me faz lembrar que a semana começou. Um estresse logo cedo, a noite mal dormida, a pressa, os tempos. Tudo junto. Ou seria uma gentileza, um aviso de pode passar, fique à vontade. Ou então quem sabe ela tenha visto um conhecido logo ali, atravessando, e não quis deixar passar sem um oi. Combinou aquele café pro fim do dia, da semana, quando der! Me liga! E ele concordou por educação ou então se viu sem reação porque era uma vontade antiga e que parecia tão improvável... 

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