sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Milonga

Está fazendo um ano e meio, amor, e você age como se não. Depois do meu telegrama lembrando do nome da casa de câmbio mais honesta e de como se pronuncia chorizo, para que não haja erro nem aconteça de vir um bife bem passado qualquer, não sei o que aconteceu, de voltar a junho ou talvez um pouco antes porque em junho tudo já estava com ares de fim, voltar a antes de junho quando te ocorria durante uma viagem lembrar-se de mim diante de um Picasso legítimo e trazer-me uma réplica  - que emoldurei e pendurei na sala. Dessa vez é Frida Kahlo, talvez o quadro do aborto, talvez o do seu casamento com Diego Rivera (que também não deu em nada).
Além da Frida, você me vê na Casa Rosada e num cachafaz barato (e veremos se continua bom). De longe, permito que você se lembre de mim com saudades. Você ainda não percebeu que falta tem sentido de manter-me informada dos seus passos. Acompanho atenta pra saber quais serão os próximos, se descerão na minha rua ou correrão pra longe.

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