sexta-feira, 6 de maio de 2011

Muito pouco é um pouco demais

Ele chega assustado mas disfarça. Eu, que me deito em seu peito, descubro a agitação mas não conto. Temos uma ética aí. Enquanto passeia as mãos nos meus cabelos, ele diz como as coisas mudaram, como a gente cresce na dor, como é possível que seja suficiente ter tentado pouco. Pouco sou eu que digo. Sempre acho pouco, ele sabe. Sempre poderia mais um pouco, é o problema.

Digo a ele que mais um pouco é pouco demais.
Digo a ele que quero tudo muito.

(Mas pode ser que seja mentira).

Um comentário:

Nathalia disse...

Parece-me que pouco pode doer mais que nada. Quero logo tudo. (Mas eu sou meio doida, a gente sabe).