Quando me vê, ele finge que a vida agora é ótima. Finge que não é atropelado diariamente pelas burocracias do trabalho e do casamento, que não deixou a poesia de lado por falta de tempo e os amigos de lado por falta de disposição, que não parou de escrever sambas nem de sonhar em viver longe daqui.
Imagino que tenha lá uma certa alegria dessas que a gente se esforça para ter quando gosta da rotina e que tenha praticado por muito tempo o esquecimento contínuo do que não volta mais. Imagino que se lembre com muita distância, e em segredo, dos tempos em que sonhava com um futuro intenso (e não melhor, como as pessoas geralmente sonham) e que tente imaginar como é que me virei por todo esse tempo com tão pouca poesia também.
Mas ele não sabe que é possível carregar com a gente a poesia, mesmo em meio a burocracia e ao esquecimento contínuo. Ele não sabe que é possível carregar os amigos com a gente também. E o samba e a disposição.
Eu sei.
Imagino que tenha lá uma certa alegria dessas que a gente se esforça para ter quando gosta da rotina e que tenha praticado por muito tempo o esquecimento contínuo do que não volta mais. Imagino que se lembre com muita distância, e em segredo, dos tempos em que sonhava com um futuro intenso (e não melhor, como as pessoas geralmente sonham) e que tente imaginar como é que me virei por todo esse tempo com tão pouca poesia também.
Mas ele não sabe que é possível carregar com a gente a poesia, mesmo em meio a burocracia e ao esquecimento contínuo. Ele não sabe que é possível carregar os amigos com a gente também. E o samba e a disposição.
Eu sei.
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