quinta-feira, 22 de julho de 2010

As minhas meninas

"Me responde por favor
pra que tudo começou
quando tudo acaba..."

É mais ou menos como em Almanaque que acontecem as nossas conversas. As minhas meninas chegam, umas vêm de longe, outras estão por aqui e por ali, e trazem as mais variadas dores. Dores pequenininhas, de intriga passageira, dores grandonas, de perdas imensuráveis. Dores que não se sabem dores. No meio da conversa descobrimos que são dores e pronto. Que a pequenininha fica grande enquanto ela conta, deixando todo mundo com um aperto no peito, e que a grandona vai ficando míuda enquanto ela fala, meio que gozando da tristeza, meio que gozando
a tristeza... E se eu digo que é dor, não é pra fazer da coisa uma coisa dolorida, não. Eu chamo de dor porque não tem nome pra isso. As minhas meninas falam das coisinhas da vida. E falando assim, ficam deste tamaninho (as coisinhas, não as meninas...). Elas contam das desventuras de viver (tinha uma música assim, não tinha?) e dos amores que passaram e dos problemas novos com os novos amores. E falam de mãe e de pai e do resultado do encontro deles. Uma fala do café novo, com aroma de baunilha, a outra fala dos sapatos em promoção e de como compraria um de cada cor, não fosse o fato de ter largado o emprego - que já não dava mais.


Aos pouquinhos, não sei bem se de brincadeira ou se o tom é sério como parece, as minhas meninas e eu vamos inventando um jeito de pensar na vida para tornar a vida um pouco mais tolerável, um pouco mais vivível. Falando assim, parece até que nós não gostamos de viver essa vida. Mas ali, se você ouvisse uma de nossas conversas, perceberia de cara que é justamente o contrário. As minhas meninas e eu achamos, sim, que não há muito sentido nas coisas. E que a vida poderia ser mais simples. E que algumas coisas podem mudar enquanto outras serão sempre assim. Mas os nossos encontros são bonitos pela falta de conclusão das nossas elocubrações. E elocubrar com elas já me deixa o coração palpitante, como se descobrisse o mundo. Nem parece que, fechada a conta do bar (do café, da pizzaria ou da danceteria), as minhas meninas e eu seguimos a vida bem do jeito que pode, do jeito que dá, do jeito que deve ser.

2 comentários:

Nanda disse...

não dava pra ser mai lindo seu post :) até dá suspiro! beijinho menina moça.

daise disse...

=))))